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Foto do escritorMatheus M. Hennemann

Bomba de rolete ou centrífuga: qual a melhor?


A escolha do material e dos dispositivos para utilização no circuito da circulação extracorpórea (CEC) faz parte do planejamento cirúrgico. Entre essas escolhas, muitas equipes se dividem quanto ao melhor tipo de bomba propulsora para substituir a função de bomba do coração.

Atualmente, 2 tipos de bomba arterial são utilizados: a bomba de rolete e a bomba centrífuga:

  • Bomba de rolete: consiste em um tubo de silicone, posicionado dentro de uma caçapa com 2 roletes que, ao girarem, impulsionam o sangue do interior do tubo para frente. A calibração é importantíssima para garantir que o tubo não esteja apertado demais a ponto de danificar as hemácias no interior do tubo. É uma bomba que não depende da pós-carga, ou seja, mantém seu fluxo independentemente da resistência vascular do paciente.

Gif e imagem mostrando o mecanismo de funcionamento da bomba de rolete. Clique na imagem para ampliar.

  • Bomba centrífuga: consiste em uma estrutura cônica de policarbonato, na qual sua estrutura interna gira, através de um campo magnético, e assim impulsiona o sangue para frente. Não necessita calibração, porém deve ser utilizada com um leitor de fluxo. Por ser dependente de pós-carga, seu fluxo pode se alterar durante a perfusão, dependendo da resistência oferecida.

Gif e imagem mostrando o mecanismo de funcionamento da bomba centrífuga. Clique na imagem para ampliar.

A principal preocupação acerca desse componente é o grau de hemólise gerado. Diversos estudos foram realizados, e os resultados ora favorecem a bomba de rolete ora a bomba centrífuga. Contudo, as mais recentes meta-análises demonstram que a bomba centrífuga, diferente do que se acredita, não é superior ao rolete quanto ao grau de hemólise. O que alguns estudos com follow-up mais longo conseguiram evidenciar foi o maior grau de dano neurológico quando se usa a bomba de rolete.

Pontos a considerar:

  • A bomba de roletes é utilizada em praticamente todas as perfusões, através dos aspiradores de campo. Dependendo da utilização desses aspiradores pelos cirurgiões, a hemólise gerada pela aspiração pode ser confundida com o grau de hemólise gerado pela bomba arterial;

  • Por se tratar de uma estrutura à parte do circuito de CEC, a utilização da bomba centrífuga acarreta um custo maior ao procedimento cirúrgico.

  • A bomba centrífuga garante mais segurança ao procedimento, uma vez que o risco de embolia aérea maciça é menor. Ademais, uma possível dobra na linha arterial pode ser percebida pelo perfusionista através da queda da leitura de fluxo pelo fluxômetro quando se usa a bomba centrífuga. Com a bomba de rolete, a consequência pode ser mais desastrosa, inclusive a decanulação arterial, devido à alta pressão gerada.

Mas afinal, qual é a melhor bomba arterial?

A melhor bomba é a que a sua equipe se sente segura em trabalhar! As duas bombas proporcionam o que é esperado delas e, quando utilizadas corretamente, não acarretam hemólise excessiva. Tendo o perfusionista e o cirurgião conhecimento e segurança para trabalhar com determinado material, esse deve ser o escolhido para o procedimento.

Referências:

1. Asante-Siaw, J. et al (2006) Does the use of a centrifugal pump offer any additional benefit for patients having open heart surgery?. Interactive CardioVascular and Thoracic Surgery 5(2),128–134. https://doi.org/10.1510/icvts.2005.126961

2. Saczkowski, R. et al (2012) Centrifugal Pump and Roller Pump in Adult Cardiac Surgery: A Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. Artificial Organs 36(8), 668-676. https://doi.org/10.1111/j.1525-1594.2012.01497.x

Sobre o Autor:

Matheus M. Hennemann

Biomédico formado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Especialista em circulação extracorpórea pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Atualmente atua como perfusionista na Santa Casa de Porto Alegre.


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