Conheça a Definição Universal de Sangramento Perioperatório em Cirurgia Cardíaca
A famosa foto do Dr. Zbigniew Religa foi tirada em 1987 e mostra ele monitorando o paciente após um transplante cardíaco. Será que ele também estava monitorando algum sangramento?
O sangramento perioperatório é uma complicação significativa nas cirurgias cardíacas, impactando diretamente o desfecho e a recuperação dos pacientes. Com o objetivo de estabelecer critérios mais claros e uniformes para identificar a gravidade desses sangramentos, a Universal Definition of Perioperative Bleeding (UDPB) foi criada, oferecendo uma classificação em cinco níveis que orienta tanto o diagnóstico quanto as intervenções necessárias para cada caso.
Classificação UDPB: cinco níveis de sangramento
A definição da UDPB categoriza o sangramento perioperatório em cinco classes, conforme a gravidade:
Classe 0: Sangramento insignificante.
Classe 1: Sangramento leve.
Classe 2: Sangramento moderado.
Classe 3: Sangramento grave.
Classe 4: Sangramento massivo.
Critérios para sangramento grave e massivo
Um sangramento é considerado grave (Classe 3) quando ocorre uma das seguintes condições:
O fechamento do esterno é adiado ou mantido aberto devido a dificuldades hemostáticas.
O paciente recebe entre cinco e dez unidades de concentrado de hemácias (RBC) ou plasma fresco congelado (PFC) após o fechamento do tórax.
A drenagem torácica ultrapassa 1.000 ml em 12 horas.
Existe a necessidade de reexploração cirúrgica para controle do sangramento.
Já o sangramento massivo (Classe 4) ocorre quando:
São administradas mais de dez unidades de RBC ou PFC.
A drenagem torácica excede 2.000 ml em 12 horas.
A administração do fator recombinante VIIa (rFVIIa) torna-se necessária para conter o sangramento.
Importante: transfusões perioperatórias de RBC para compensação da hemodiluição pela circulação extracorpórea não são incluídas na definição UDPB.
A importância de uma classificação padronizada
A classificação da UDPB oferece um sistema comparável para avaliar o sangramento perioperatório, auxiliando as equipes médicas a identificar rapidamente o nível de intervenção necessário e a otimizar o manejo hemostático. Além disso, essa padronização é interessante para uniformizar a nomeclartura em futuros ensaios clínicos, auxiliando na comparação de dados e no desenvolvimento de novas abordagens para o manejo de sangramentos em cirurgias cardíacas.
Referências:
Dyke C, Aronson S, Dietrich W, Hofmann A, Karkouti K, Levi M, et al. Universal definition of perioperative bleeding in adult cardiac surgery. J Thorac Cardiovasc Surg. 2014;147:1458-63
Gutiérrez-Zárate D, Bucio-Reta E, Baranda-Tovar FM. Universal definition of perioperative bleeding in cardiac surgery adults and association with mortality in a Mexican Cardiovascular Critical Care Unit. Arch Cardiol Mex. 2020;90(4):373-378. English. doi: 10.24875/ACM.19000188. PMID: 33373337.
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