Endoleaks: Conceitos básicos atualizados que você precisa saber.
Atualizado: 14 de mai.
Imagem didática mostrando os tipos de Endoleaks.
Objetivos das Endopróteses Aórticas:
- O objetivo principal do tratamento endovascular da aorta é promover a trombose total e despressurização da aorta aneurismática/dissecada, indicando sucesso no tratamento. Porém, "vazamentos" de sangue podem persistir para dentro do saco aneurismático. Nas próxima linhas, vamos definir e enalisar essa complicação endovascular.
Definição de Endoleaks:
- Conforme a Diretriz EACTS/STS 2024, Endoleak é a presença de contraste entre a endoprótese e a camada íntima da aórta doente excluída, sugerindo exclusão incompleta da patologia.
-Uma definição concisa e didática de endoleak é: "Um endoleak é caracterizado pelo fluxo residual de sangue no 'saco do aneurisma', ou seja, entre a parede aórtica nativa e a parede do enxerto de stent."
Epidemiologia:
-Endoleaks é uma das principais causas de complicação e reintervenção em TEVAR (tratamento endovascular do aneurisma da aorta torácica). Considerando sua elevada incidência, parece relevante compreender os conceitos básicos sobre essa condição.
*Outras complicações do tratamento endovascular: isquemia de membros, isquemia cerebrovascular, isquemia da medula espinhal/paraplegia, infecção do stent, dissecção retrógada.
Classificação temporal dos Endoleaks
- Primário: ocorre no procedimento
- Secundário: durante o acompanhamento.
Tipos de Endoleaks e Suas Características:
- Classificação tradicional: 5 tipos, baseados na origem do vazamento
Imagem da Diretriz EACTS/STS 2024. mostrando a classificação dos Endoleaks
Tipo I:
O endoleak tipo I tem sua origem na zona de selamento proximal (Ia) ou distal (Ib) da endoprótese e compreende a presença de fluxo sanguíneo entre a endoprótese e a parede da aórta
Endoleaks tipo Ic só podem ser encontrados após F/BEVAR (Fenestrated and branched endovascular aneurysm repair) e descrevem a perda de vedação distal na artéria-alvo devido ou ao sobredimensionamento distal insuficiente
- Causas primárias Incluem
Discrepância de comprimento de vedação ou Sobredimensionamento insuficiente da endoprótese. - TEVAR requer zonas de pouso proximais e distais saudáveis de diâmetro adequado (<40 mm) e comprimento (≥20 mm) para otimizar a vedação e minimizar o Endoleak tipo I. Os stents torácicos disponíveis comercialmente podem variar em seus requisitos específicos para otimizar a vedação nas landing zones, variando de 15-25 mm proximalmente e 20-30 mm distalmente. Com relação ao sobredimensionamento, pacientes com aneurismas são recomendados, geralmente de 15% a 20%, para maximizar a força radial nas zonas de vedação, embora o consenso geral para dissecções/transecções aórticas seja de 0% a 10%.
Presença de trombose circunferencial extensa ou calcificação na parede aórtica nas landing zones desejadas
Endoleak causado pela dimensionamento inadequado do comprimento da prótese ramo (branched stent-graft).
- Causas secundárias: degeneração da aorta nas zona de selamento proximal ou distal.
OBS: Endoleak do tipo I possui risco de ruptura elevado. O tratamento imediato se faz necessário.
Tipo II:
Originado de ramos aórticos, causando perfusão retrógrada da patologia.
- Conversões abertas e rupturas associadas aos endoleaks tipo II são raras; portanto, reintervenções endovasculares (incluindo embolização de partículas e fluidos) podem ser consideradas se ocorrer crescimento aórtico substancial durante o acompanhamento (>10 mm).
Imagem mostrando um Endoleak do tipo II via artéria lombar direita. Artérias lombares e a artéria mesentérica inferior são colaterais bem relacionadas ao Endoleak tipo II
Desenho de anatomia básica demonstrando as artérias lombares e mesentérica inferior
Tipo III:
Resultado da fratura ou separação dos componentes do endoprótese, com incidência crescente devido à disseminação do tratamento endovascular com próteses fenestradas.
- Tipo IIIa são devido à perda da fixação dos componentes aorto-ilíacos e correspondem à definição do endoleak tipo III tradicional.
- Tipo IIIb indica uma ruptura ou fratura de componente.
- Tipo IIIc descreve a perda da fixação do Stent ramo (BSG -branched stent-graft) dentro do enxerto aórtico principal.
OBS: Nesses casos, também deve-se considerar falha do tratamento endovascular. A indicação de reintervenção se faz necessário.
Tomografia com contraste mostrando a presença de Endoleak do tipo III.
Referência 03.
Tipo IV: Associado à porosidade do material do dispositivo, raro em novas gerações de endopróteses.
Tipo V: Expansão substancial do saco aneurismático (>10 mm) sem presença de agente de contraste.
- Causa ainda desconhecida, conversão para cirurgia aberta pode ser necessária.
Resumo da ópera:
-Endoleak do tipo I e III são considerados falhas de tratamento = reintervenção.
-Endoleak do tipo II e V -> só considerar intervenção se sinais de crescimento do aneurisma.
-Endoleak do tipo iv -> baixa inciência com as novas próteses.
Tabela da Diretriz 2024 de aorta que aborda o tratamento dos Endoleaks
referência 01
Referências
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