Quando indicar a Artéria Radial na Revascularização? (Resumo prático)
- Laio Wanderley
- há 11 minutos
- 2 min de leitura
O vídeo acima faz parte da nossa aula sobre a artéria radial como enxerto na revascularização do miocárdio. A aula completa (da anatomia as evidências) está disponível no YouTube
(link no final da postagem).
Indicações para o Uso da Artéria Radial

Lesões coronarianas críticas:
Estudos sugerem maior benefício em lesões acima de 90% para evitar competição de fluxo.
Critérios para uso:
Diâmetro da artéria radial ≥ 2 mm.
Ausência de calcificações significativas (avaliadas preferencialmente por ultrassom pré-operatório).
Teste de patência arterial (Teste de Allen ou pletismografia com oximetria) para avaliar a suficiência da artéria ulnar.
Contraindicações para o Uso da Artéria Radial
Pacientes renais crônicos:
Risco de necessidade futura de fístula arteriovenosa para hemodiálise.
Condições específicas:
Trauma ou cateterização prévia da artéria radial.
Teste de Allen ou pletismografia demonstrando insuficiência da artéria ulnar.
Diretrizes sobre o Uso da Artéria Radial como Enxerto
Diretriz Europeia (ESC 2018)

Recomendação:
Se possível, a artéria radial deve ser utilizada como segundo enxerto, em vez da veia safena, para lesões de alto grau.
Pontos de atenção:
A diretriz não especifica o que caracteriza "lesão de alto grau".
Estudos como RAPCO e RAPS, usados em metanálises, consideram lesões acima de 90% como critério para escolha da artéria radial.
Observação: Abaixo desse percentual, a taxa de falência do enxerto é maior.
Classe de recomendação e evidência:
Classe I, Nível de Evidência B.
Diretriz Americana ACC/AHA (2021)

Recomendação:
A artéria radial é preferível como segunda opção de enxerto em relação à veia safena em pacientes com estenoses significativas.
OBS: A diretriz europeia 2024 de Síndrome coronariana crônica não tem discussão sobre o uso da artéria radial.
Problemas Associados ao Uso da Artéria Radial
Competição de Fluxo:
Devemos ter cuidado ao usar a Radial em lesões coronarianas não críticas.
Conceito discutido na nossa potagem: (clique no texto para acessar) "Análise sobre competição de fluxo e uso da artéria radial para revascularização do miocárdio."
Espasmo Arterial:
Prevenção intraoperatória com vasodilatadores tópicos (e.g., nitroglicerina).
Uso de bloqueadores de canais de cálcio no pós-operatório imediato ou tardio (apesar de evidências limitadas).
Cuidados Pré-Operatórios
Avaliação da qualidade do enxerto:
Realizar ultrassom para avaliar diâmetro e presença de calcificações.
Teste de Allen ou pletismografia:
Garantir que a artéria ulnar suprirá adequadamente o membro após retirada da artéria radial.
Considerações Técnicas (de ordem pessoal, caro leitor).
Cirurgias com apenas dois cirurgiões:
Retirada simultânea de múltiplos enxertos (e.g., radial, safena e mamária) pode prolongar a cirurgia, aumentando riscos como infecção, hipotermia, desgaste da equipe, etc.
Nestes casos, considerar estratégias que otimizem o tempo cirúrgico.
Conclusão
A artéria radial é um excelente enxerto em situações selecionadas, desde que cumpridos critérios técnicos rigorosos.
Estudos recentes, como o ROMA trial, podem trazer mais clareza sobre sua superioridade em relação à veia safena.
É fundamental prevenir complicações, como espasmos e competição de fluxo, e adequar a escolha do enxerto às condições clínicas do paciente e à logística da equipe cirúrgica.
Assista nossa aula "ANATOMIA CIRÚRGICA DA ARTÉRIA RADIAL NA REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO: das evidências à prática".
Disponível no YouTube. é só clicar acima.
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