React sobre a Técnica Chrysalis (ou Velho Bentall) para substituição da raiz aórtica
Atualizado: 9 de nov.
A Técnica de Chrysalis (publicada no CTS, e fonte do nosso react) é uma abordagem para a substituição da raiz da aorta. Diferente do que é feito na técnica tradicional, o princípio é não ressecar a raiz aórtica dilatada e delimitar os botões dos óstios coronarianos (o que agilizaria bastante a cirurgia, já que a etapa de dissecção do aneurisma e óstios demanda paciência e tempo). Em vez disso, ela é aberta, e o enxerto valvado é suturado diretamente ao anel aórtico, sem a necessidade de “botões” coronarianos.
"Corte" do vídeo que mostra o momento de sutura do óstio coronariano esquerdo através da técnica de Chrysalis. Notem que a anastomose é feito diretamente no óstio. Será mesmo que trata-se de algo inovador, como relata o vídeo do CTSnet?
Curiosamente, essa ideia remonta à técnica de Bentall e De Bono, criada em 1968, onde a anastomose das coronárias era feita de maneira similar. O tecido aórtico ao redor das artérias coronárias era suturado diretamente às aberturas no enxerto aórtico. Como os enxertos aórticos disponíveis naquela época não eram impermeáveis ao sangue e devido à preocupação com o risco de sangramento nas linhas de sutura anastomótica, a parede aórtica aneurismática era suturada ao redor do enxerto em um esforço para minimzar esse risco.
No corte do vídeo acima, podemos assistir ao momento em que o Dacron é envelopado com o tecido aórtico aneurismático remanescente. Uma grande amiga cirurgiã de Salvador, Mariana Brandão, me relatou que um cirurgião com quem trabalha também utiliza esse artifício. Ou seja, nenhuma novidade nessa etapa também.
Foi apenas com o tempo, após o surgimento de relatos de pseudoaneurismas anastomóticos, que a técnica evoluiu para incluir os “botões” coronarianos, melhorando, em tese, a segurança a longo
prazo.
Lindas imagens da publicação de Nicholas T. et al., intitulada The Button Bentall Procedure (referência 02). Podemos observar que, nessa técnica — a mais comumente utilizada —, o cirurgião delimita os óstios coronarianos, criando os “botões” que serão anastomosados ao tubo de Dacron. Nesta publicação, também encontramos a descrição do Bentall clássico, que se assemelha bastante à técnica de Chrysalis.
E aí, caro leitor, a técnica de Chrysalis traz realmente um toque de modernidade ou será uma versão revisitada de Bentall? Deixa aí nos comentários a sua opinião.
Referências:
www.ctsnet.org/article/chrysalis-technique-unique-new-way-perform-aortic-root-replacement
Kouchoukos, Nicholas & Haynes, Marc & Baker, Joshua. (2019). The Button Bentall Procedure. Operative Techniques in Thoracic and Cardiovascular Surgery. 23. 10.1053/j.optechstcvs.2018.12.002.
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